terça-feira, 28 de outubro de 2014

Entrevista ao Jornal Notícias do Dia. Explicando alto desempenho Aécio em SC

Extrato da entrevista publicado no Jornal Notícias do Dia em 28/10/2014

Disponível: http://www.ndonline.com.br/joinville/noticias/208976-joinville-escolheu-aecio.html

ND Daiana Constantino - Como era esperado, o Aécio ganhou em Joinville. Ficou acima da média estadual. É possível traduzir ou explicar o que essa postura nas urnas quer dizer especificamente aqui?

Jeison Giovani Heiler - Tenho trabalhado com a ideia de que uma variável muito distinta entrou em campo nestas eleições de 2014. O fator anti-PT. Não tivemos nada parecido antes na nossa história. O que é novo nesta eleição, ao meu ver, é exatamente o fato de termos um voto bastante ideológico (de rejeição ao PT). Me parece que esta variável não esteve tão presente em outras eleições para outros partidos. A rejeição em 2002, por exemplo, era basicamente ao FHC, que passou a ser "escondido" pelo partido nas eleições seguintes. E mesmo em 1989, 1994 e 1998, a rejeição se dava ao candidato Lula (operário, analfabeto, etc, etc) e não tanto, salvo melhor juízo, ao PT. Então, quer me parecer, que caberia ao PT neutralizar essa rejeição. O que em alguma medida começou a ser feito no programa inaugural do segundo turno. Essa rejeição decorreria de dois pontos:

 a) Anti-partidarismo que ecoou nas ruas em junho de 2013 e que teve no PT um dos principais alvos

b) a atribuição de comportamentos corruptos à políticos ligados ao PT que tem um acúmulo que se inicia no julgamento do mensalão e termina nas acusações surgidas em relação à Petrobras

Acontece, que a campanha de Dilma, quer me parecer, lidou bem com essa rejeição. Eles souberam inverter um pouco o descrédito ao Partido ao colocar o PSDB no mesmo barco.

O marco dessa virada ocorre quando no debate presidencial Dilma enumera os casos de corrupção envolvendo o PSDB, sem que, segundo ela, os envolvidos tenham sido responsabilizados
No sul, esse discurso parece não ter pego. No RS devido ao desprestígio do então governador que não logrou a reeleição No PR pela força política do PSDB fruto de acúmulo histórico e em SC pelo simples fato de que o PT entrou dividido na campanha desde o início. Este é um fato bastante negligenciado em todas as análises feitas sobre o resultado em terras catarinenses.

ND - Daiana Constantino - Percebemos em Joinville que o Aécio deve desempenho menor nas urnas em regiões mais afastadas da cidade, masi do interior, mais humildes. Isso pode demonstrar um perfil do eleitorado?

Jeison Giovani Heiler - Esse é um outro fato que ficou bastante evidenciado nestas eleições. Os eleitores responderam ao estímulo econômico. É preciso desagregar ainda mais os dados para captarmos isso melhor. Mas ficou patente que o eleitorado de Dilma corresponde aos extratos mais vulneráveis da população, ao passo que Aécio amealhou votos daqueles extratos sociais mais elevados.

Com uma divisão bastante sensível nos extratos intermediários. SC é um estado bastante desenvolvido economicamente. Então, esta também tem sido outra variável para explicar o voto majoritario no candidato do PSDB.

O que eu colocaria de novo, nesta explicação do voto em SC, é a rejeição ao PT e a ocorrência de uma profunda divisão do partido no estado que se manifesta tb na diminuição de cadeiras na ALESC e na Câmara. Além da não eleição de Carlito aí em Jlle, dada por muitos como certa. Mas que é rescaldo ainda das divisões ocorridas no partido quando o candidato ainda era prefeito.

ND - Daiana ConstantinoO Sr. teria mais alguma observação?

Não, apenas eu focaria a novidade dessa análise que leva em conta a saúde política do PT em SC. Bastante frágil e que deve demandar uma atenção dos observadores para os próximos capítulos. 

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